O coração de um soldado - Fourteen

- Barbara quem é... Emili?

- Harry! Que saudade meu amor.

Sem mais delongas, a mulher entra em minha casa, passando por mim sem ao menos olhar na minha cara. Abraça Harry pelo pescoço e diz o quão sentia sua falta, e que ele sumiu nunca mais deu noticia.

Mamãe e Gemma apareceram na sala por causa dos gritos eufóricos da lória. A dona Roberta - minha mãe - grita chamando meu pai.

A irmã de Harry olha diretamente em meus olhos, como se estivesse confirmando todas as poucas perguntas. Com um olhar baixo ela assente.

Não pode ser, ou pode?

Se for mesmo verdade, Gemma mentiu para mim também, ela conhecia a tal menina que seu irmão vivia falando.

Derrotada comigo mesmo subo as escadas correndo. Ouvindo a voz de todos, inclusive a do Harry.

Bato a porta com força. Não tenho ideia do que fazer ou de como agir. Ouço a porta sendo aberta. Marco. Ele me olha com pena e vem para perto de mim. Me abraçando forte, dizendo que ele estava ali e que ninguém mais me machucaria.

- O que esta acontecendo Marco? - pergunto entre um soluço.

- Eu achei que você sabia ... - seus braços estão em minha cintura, apertando contra seu corpo - pensei que a Patricia tinha entregado a carta para você aquele dia.

- Ela me deu - disse - só não terminei de ler.

- Você sabe ler?

- Harry me ensinou - digo sorrindo por um segundo. Vou até a gaveta onde tinha escondido.

- Vou deixar você sozinha.

Assinto e Marco beija minha testa antes de sair.
Sento na beira da cama com a folha de papel na mão. Um turbilhão de coisas passa em minha mente. Ignoro as primeiras frases que li aquele dia.

Esta uma lua tão linda aqui. Sinto que vai ser a ultima vez que falo com você. Não quero ser egoísta de levar as verdades que você precisa saber.
A dezesseis anos atras, nosso pai se envolveu com uma mulher. Foi um caso apenas. Ninguém desconfiou de nada. Não até essa mulher voltar. Ela estava gravida. Gravida de você.
Você deve estar se perguntando quem ela é, ou por quê você chama a dona Roberta de mãe.
Sua mãe verdadeira se chama Elza, Elza Anderson, ela era empregada lá de casa, a de muitos anos. Minha mãe só aceitou você, se Elza fosse embora duma vez da vida deles.
Não faça mau juízo de sua mãe, ela era pobre, morava de favor em nossa casa, não tinha condições nenhuma de te criar, de te dar uma vida boa. Então ela aceitou. Naquela época eu não entendi porque a empregada chorou tanto quando foi embora. Eu era pequeno e Marco também.
Quando você fez quinze anos, Elza voltou para a Inglaterra. Queria te ver, mais minha mãe ficou com medo dela tirar você dela. Então papai decidiu que arrumaria um marido para você.
Ouvi falar que ele foi até a familia dos Styles, que tinha um filho homem. Mas também ouvi dizer que ele já estava noivo de uma menina.

As lagrimas caiam sem parar. Senti meu coração se quebrar em milhões de pedaços cortantes. Eu mau consegui ler a despedida da carta.

Tudo não passou de uma grande mentira. Eu vivo a dezessete anos numa grande mentira. Sempre fiz tudo o que me pediam, eu era a filha perfeita. Não falava com os meninos e obedecia todas as ordens de etiqueta que minha...que a dona Roberta falava. E para que?
Fui obrigada a casar com alguém que nunca vi em minha vida.

Acreditei que tinha encontrado o tal amor. Como pude ser tão burra?
Como deixei todos me enganarem por tanto tempo?

Humilhada. É assim como eu me sinto. Minha vontade é de ficar nesse quarto por uma eternidade. Não olhar na cara daqueles que um dia me chamaram de família.

Ataco a primeira coisa que vejo pela frente. Um vaso amarelo. Depois outro objeto, e mais outro. É como se eu fizesse parte dos cacos no chão.

A porta é aberta num estrondo. Olho para a criatura parada na minha frente. É Marco de novo. Não dou ouvido para o que ele me diz, desço as escadas da mesma maneira que subi, torcendo para não tropeçar na barra do vestido.

- Barbara...- Harry tenta vir perto de mim mais me esquivo.

Fico de frente para todos na sala. Não me importo se a tal loira está aqui ou não, afinal ela é noiva do Harry de verdade, não viveu um casamento de mentira assim como eu vivi.

- Como vocês podem ter feito isso comigo ? - grito - Vocês não tinham o direito de mentir para mim!

- Filha...

- Eu não sou sua filha - grito mais alto - Sou filha da empregada, aquela que você tirou a filha dos braços. Se lembra disso mamãe? Será que devo te chamar assim?

- Eu estava pensando em você - Roberta grita - Que vida você teria se tivesse ficado com sua mãe? Ela é a empregada.

- Ela continua sendo minha mãe - sussurro - Uma vez, ela me contou que tiraram a filha dela. Eu achei tão cruel aquilo que jurei ajudar a encontrar sua filha e quem fez aquilo com ela. Ora veja! Eu sou ela, eu sou a filha dela! E você é o monstro que me tirou dela!

Não tinha mais controle. Os pais de Harry me olhavam assustada. Marco mantia seu braço me segurando para não desabar e meu pai segura sua mulher. Que chora sem parar. Consigo sentir o nojo escupindo meus olhos. Nojo dessa família.

- Roberta melhor irmos embora. - papai diz.

- Não Carlos. Ela tem que entender. Tem que saber que eu perdi a criança. Eu perdi a nossa menininha e não posso ter mais filhos

Fecho os olhos me imaginando em outro lugar. Dou as costas para eles e me viro para Harry. Seus olhos estão frios e cobertos de lagrimas. Ouço um barulho de porta e presumo ser meus pais. Escuto Gemma dizer ao Harry para não mentir mais para mim. Ela vem até a mim e me da um abraço, não consigo retribuir. Forço um sorriso e ela se vai.

- Babe eu...

- Não me chama desse jeito.

- Deixa eu explicar...

- Explicar o que? Que tem outra mulher? Que você estava noivo quando se casou comigo? O que mais está escondendo de mim? O que mais Harry ? - grito, ele se cala - Eu pensei que você realmente gostava de mim. Eu me sentia tão importante ao seu lado. Foi tudo uma brincadeira para você não foi?

- Não fala isso. Eu te amo Barbara. Acredite em mim. Por favor.

- Para! Não diz isso!

- Me escuta - Harry se aproxima de mim colocando suas mãos em meu rosto. Olhando diretamente em meus olhos - Eu estava noivo sim. Mais quando seu pai foi em casa propor um casamento, eu, eu meio que desisti do casamento.

- O que quer dizer? - consegui dizer, ou tentei.

- Emili me convenceu de não servir o quartel - ele se afasta - meu pai surtou já que todos na minha família servem ou já seviram. Então seu pai veio com a proposta de casamento. Aquilo era loucura. Eu estava com a Emili, como me casaria com outra?
- aquilo doía mais do que eu pensei que doeria - Vendo que eu não iria aceitar, meu pai fez um acordo comigo. Eu serviria apenas um ano no quartel, se eu me casasse com a filha do senhor Irwin. Então, então eu aceitei. Terminei com a Emili. E prometi a mim mesmo que eu me divosiaria depois de um ano e se a Emili me amasse ainda, eu voltaria com ela. - Suas palavras foram como uma facada em meu peito, um soco doeria menos que essa verdade. - Mais eu me apaixonei. Me apaixonei por você.

- Um acordo - falo mais para mim - Você se casou comigo para não precisar ficar tanto no quartel. Como você pode ser tão egoísta?!

- Eu fui um burro, infantil! Só pensei em mim, eu não achei que eu e apaixonaria por você.

- Você não sabe o que é se apaixonar, nem eu sei - admito.

- Você tem que acreditar em mim.

Harry se aproxima de novo. Segura em meu braço me obrigando o olhar. Seus dedos seguravam fortemente minha pele, tenho certeza que ficaram as marcas.

- Você está me machucando - suas íris estão escuras. Não parecia ser o Harry, na verdade não o Harry que eu achei que era. Ele me solta aos poucos mais não tira seu olhar de mim - Eu não sei quem é você. Nunca soube e nunca vou saber.

- O que? Eu sou o mesmo Harry...

- Não, não é. Harry eu quero divorcio.

Notas: ta acabaaaaaando :(
Só mais um capitulo.
meninas mudei meu user no wattpad : viviahoran
@tommochocada bye ♡